Os circuitos da produção - Parte 1: O espaço industrial
Profa. Regina Geografia (2ª. Série.EM)
Nesse tema,
enfatizaremos o processo de industrialização brasileiro, que permite
compreender a consolidação de um pólo industrial no Sudeste e de periferias
industriais nas demais regiões do país. O objetivo é elucidar conceitos e
conteúdos fundamentais para o entendimento do espaço industrial brasileiro,
aliado ao trabalho conceitual, à perspectiva histórica e à abordagem sobre a
atual distribuição espacial da atividade industrial no território nacional e,
em particular, no Estado de São Paulo.
Vamos analisar dois
registros culturais, onde é abordado o espaço industrial brasileiro.
Noel de Medeiros
Rosa foi um compositor carioca, nascido no bairro de Vila Isabel em 1910, no Rio
de Janeiro, e que se tornou conhecido, anos mais tarde, como o “Poeta da Vila”.
Ao longo de sua curta e densa carreira, Noel produziu aproximadamente trezentas
músicas, sozinho e com parceiros, sendo a maioria das letras de sua autoria, e
compôs alguns “clássicos”, edificando uma obra que contribuiu para a formação
da história da música popular brasileira. A obra do compositor é centrada em um
microcosmo social caracterizado pelo samba, Vila Isabel e a sociedade carioca
da década de 1930. Este universo está bem presente na canção Três apitos de 1933, cujo título indica o espaço
social em que se desenvolve a história narrada pelo autor: a emergente
sociedade industrial brasileira, que originava duas classes sociais nascentes,
a burguesia industrial e o proletariado tipicamente urbano, que começou a
surgir com o enfraquecimento das oligarquias agrícolas.
O segundo registro
cultural é a tela Operários, da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973),
realizada no mesmo ano em que Noel Rosa compôs a canção Três apitos. Tarsila foi a “primeira dama do modernismo brasileiro”, uma das
responsáveis pela arte genuinamente nacional. Essa obra pode ser vista como
emblemática da fase social da pintora e retrata o início da industrialização
brasileira, conferindo destaque para as pessoas que vieram de diversas partes
do país e do mundo (imigrantes de diversas nacionalidades) para trabalhar nas
fábricas da região sudeste. O contraste entre as linhas sinuosas dos rostos,
arredondadas e ovais na representação das figuras humanas e as formas retas e
cilíndricas da fábrica (o prédio e as chaminés), chapadas e de cores frias (o
azul do céu e o cinza das chaminés) projetam os operários para o primeiro
plano, como se a figura se deslocasse do fundo (mostrando a dureza do
trabalho).
Para melhor
entender o desenvolvimento industrial no Brasil e suas fases, adotamos a noção
de industrialização retardatária ou tardia.
A expressão
industrialização retardatária ou tardia designa o fato de que a
industrialização brasileira somente foi iniciada no fim do século XIX, no
momento em que o capitalismo passava da fase competitiva para a monopolista. As
máquinas e a tecnologia utilizadas não foram produzidas no Brasil, mas
importadas dos países que já as desenvolviam havia mais de um século, provindas
principalmente da Inglaterra (onde ocorreu a Revolução Industrial). Isso gerou
conseqüências ao longo das demais fases de industrialização do Brasil, como por
exemplo, a difícil inserção do Brasil na Terceira Revolução Industrial ou Tecnológica,
desde as últimas décadas e ainda atualmente.
A Primeira
Revolução Industrial no Brasil somente foi completada em 1930, tendo ocorrido
com mais de cem anos de atraso em relação aos centros mundiais do capitalismo.
Entre outros fatores que contribuíram para que o Brasil se mantivesse em um
quadro de fraco desempenho industrial, até o início do século XIX, foram as
relações escravistas de trabalho, o pequeno mercado interno, o Estado alheio à
industrialização, as forças produtivas pouco desenvolvidas, o passado colonial
do Brasil, conforme o tema estudado anteriormente “Gênese geoeconômica do
território brasileiro”. Entre 1880 e 1930, foram implantados os principais
setores da indústria de bens de consumo não-duráveis ou indústria leve. Em
função de se manter numa situação de dependência em relação aos países mais
industrializados, o Brasil não dispunha de indústrias de bens de capital ou de
produção, algo essencial para o desenvolvimento econômico de uma nação ou país.
Antes de
prosseguir, vamos esclarecer os tipos de indústrias:
- Indústria de bens de consumo ou
leve:
a) Indústria de bens de consumo
não-duráveis: roupas, cosméticos, alimentos;
b) Indústria de bens de consumo
duráveis: automóveis, eletrodomésticos e móveis.
- Indústria de bens intermediários ou
de bens de capital: desenvolvimento de máquinas e equipamentos para outras
indústrias (autopeças, mecânica naval).
- Indústria de bens de produção, de
base ou pesada: transforma matéria-prima bruta em produtos a serem utilizados
por outras indústrias (extração de minérios, refinaria de combustíveis fósseis,
siderúrgica que processa minérios, química).
A inserção do
Brasil na Segunda Revolução Industrial também se deu com cerca de cem anos de
atraso em relação aos centros mundiais do capitalismo, podendo ser dividida em
dois períodos:
- de 1930 a 1955, que corresponde à política nacional desenvolvimentista do governo
Getúlio Vargas, responsável pelo início da implantação da indústria de base no
Brasil e;
- de 1956 a 1980, que, inicialmente alicerçado no plano de metas que propunha
“crescer 50 anos em 5”, marco da política
desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek de Oliveira, corresponde ao período
de incremento e consolidação da indústria de base, com fortes investimentos
estatais nos setores de energia e transportes, com vistas a fortalecer as
condições estruturais para o ingresso do capital internacional no Brasil.
No primeiro período (1930-1955), destacamos a
política nacionalista da Era Vargas (1930-1945) e de seu segundo governo
(1952-1955), que se caracterizou pelo desenvolvimento autônomo com base
industrial. Um exemplo foi a construção da Companhia Siderúrgica Nacional
(CSN), em Volta Redonda (RJ), cujo decreto-lei, que determinou sua criação, foi assinado em 30
de janeiro de 1941. A CSN foi um marco
importante para a industrialização do Brasil, um impulso, em virtude da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), pois o aço é matéria-prima fundamental para
diversos setores industriais. Resultado de um projeto autônomo de
desenvolvimento industrial na década de 1940, a CSN foi privatizada em 1993, deixando de ser uma empresa estatal (do
Estado).
O segundo período (1956-1980) pode ser subdividido
em três:
a) de 1956 a 1961, que corresponde ao mandato de Juscelino Kubitschek, no qual
ocorreu o incremento da indústria de bens de consumo duráveis (principalmente
automóveis e eletrodomésticos) e de setores básicos (energia elétrica e
siderurgia). As diretrizes gerais quanto à industrialização dos governos Vargas
e Kubitschek basearam-se no processo de substituição de importações. Contudo,
no segundo caso (Era Kubitschek), foi adotado um modelo de desenvolvimento
associado ao capital estrangeiro. A política industrial do período JK ratificou
(confirmou) a concentração industrial brasileira no Sudeste. O modelo
industrial característico deste período atrelava-se diretamente à necessidade
de manter a produção de bens duráveis nas proximidades dos pólos geradores de
matéria-prima, ou seja, da produção siderúrgica e da disponibilidade de
recursos energéticos. Além disso, nesta região também se concentrava a maior
parte do mercado consumidor. Esta industrialização foi parte do Plano de Metas,
com o lema: “crescer 50 anos em 5”
- de 1962 a 1964, corresponde a um período de instabilidade e tensão política
(Ditadura). Por este motivo, foi acompanhado pela estagnação e declínio da
economia e da indústria no Brasil;
- de 1964 até meados de 1980,
implantou-se a modernização conservadora (projetos de crescimento econômico,
principalmente durante os governos militares, sem a inclusão de avanços na área
social), aconteceu o “milagre econômico brasileiro” (para designar o fato de
que, no contexto dos governos militares e do projeto “Brasil potência”, entre
1967 e 1974, o País cresceu mais de 10% ao ano em média à custa de um
endividamento crescente no exterior), e a “década perdida” (1980), na qual o
país esteve submetido a fortes constrangimentos econômicos, financeiros e,
sobretudo, sociais.
Referente à
distribuição espacial da atividade industrial no Brasil, a concentração
industrial aconteceu na região Sudeste, particularmente no Estado de São Paulo,
desde meados do século XIX até a década de 1970. O desenvolvimento urbano intenso, concentrado
principalmente na região que forma hoje a Grande São Paulo, foi resultado do
processo de industrialização que ocorreu na região, resultado de uma economia
de escala capitalista, típica do período fordista: a concentração diminuía os
custos de produção, pois a proximidade física reduzia os gastos com o
transporte de matéria e mão de obra, além de maximizar o uso da infraestrutura
instalada. O fordismo organizava a linha de montagem de cada fábrica para produzir mais,
controlando melhor as fontes de matérias-primas e de energia, os transportes, a
formação da mão de obra.
Responda:
1)
Quais foram os dois registros
culturais, onde foram abordado o espaço industrial brasileiro?
2)
Explique o que você entendeu por
industrialização tardia ou retardatária.
3)
Qual foi a consequência da revolução industrial
tardia para o Brasil?
4)
A Revolução industrial no Brasil se
completou no final de 1930.Quais fatores contribuíram para esse atraso?
5)
Por que durante os anos de 1880 a
1930 apenas foram implantadas no Brasil industrias leves ou de consumo não duráveis?
6)
Cite, explique e dê exemplos
de tipos de industrias.
7)
Por que o período de 1930 a 1955 foi
importante para o Brasil?
8)
Explique o que você entendeu sobre a “Era
Vargas”.
9)
Por que o período de 1956 a 1961 foi
importante para o Brasil ?
10) Explique o que você entendeu sobre o governo de “Jucelino Kubitschek”.
11) Em qual região brasileira houve a
maior concentração industrial?
Luana da silva
ResponderExcluirN°25
Serie:2°c
Steffani da S. Nascimento
ResponderExcluirN°38
Serie: 2°A
Gabriel de jesus N°7 2°H
ResponderExcluirGabriel de jesus N°7 2°H
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